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ANÁLISE DAS ATIVIDADES DO COLETIVO ACOLHIDAS NO CONTEXTO
PÓS-COVID-19

Por  Coletivo Acolhidas
07 setembro. 2024

Introdução
O Coletivo Acolhidas, uma iniciativa comprometida com a proteção e o apoio a mulheres vítimas de violência, surge como uma resposta coletiva às necessidades emergentes e históricas de amparo no ambiente acadêmico. Desde o início de suas atividades, o Coletivo tem se empenhado em oferecer um espaço seguro para acolher, ouvir e orientar mulheres que enfrentam diferentes formas de violência. O projeto visa não apenas fornecer suporte psicológico e jurídico, mas fomentar a conscientização sobre a importância da igualdade de gênero e da não-violência nas instituições de ensino e na sociedade em geral.
Por meio de uma rede de apoio integrada, o Coletivo Acolhidas atua diretamente na vida das mulheres que buscam ajuda, oferecendo os encaminhamentos adequados e promovendo o acesso a direitos. As ações são fundamentadas em uma visão de justiça social, em que o combate à violência contra a mulher é visto como essencial para a construção de um ambiente educacional mais seguro e inclusivo. Nesse sentido, este relatório analisa as atividades desenvolvidas pelo Coletivo entre o segundo semestre de 2020 e o primeiro semestre de 2024, destacando as demandas atendidas, os tipos de violência enfrentados e os perfis dos agressores identificados.

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Observatório Acolhidas
O Observatório Acolhidas é uma iniciativa inovadora do Núcleo de Pesquisa do Coletivo Acolhidas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), concebida com o propósito de monitorar, analisar e divulgar dados relacionados à violência de gênero no ambiente acadêmico e em suas adjacências. Este observatório surge como uma resposta à crescente demanda por informações sistematizadas que possam embasar políticas públicas, ações de prevenção e estratégias de apoio a mulheres em situação de vulnerabilidade.
O Observatório se propõe a funcionar como uma plataforma de pesquisa e intervenção, reunindo dados quanti e qualitativos acerca das diversas formas de violência enfrentadas por mulheres no contexto universitário. Por meio da coleta rigorosa de informações, análise crítica dos dados e divulgação de relatórios periódicos, o Observatório objetiva não somente compreender as dinâmicas da violência de gênero, mas também promover uma cultura de paz, respeito e igualdade dentro e fora das instituições de ensino.
Entre as principais atividades do Observatório Acolhidas há a elaboração de estudos e pesquisas que investigam o perfil das vítimas e dos agressores, os tipos de violência mais recorrentes, bem como os impactos de tais violências sobre a vida acadêmica e pessoal das acolhidas. Além disso, o Observatório trabalha em estreita colaboração com outros núcleos de pesquisa e instituições governamentais e não governamentais, buscando sempre expandir o conhecimento e fortalecer as redes de apoio.
Desse modo, os dados e relatórios produzidos pelo Observatório serão essenciais para a formulação de estratégias de intervenção mais eficazes, contribuindo para a construção de um ambiente universitário marcado por segurança e inclusão. A partir de workshops, seminários e publicações científicas, o Observatório Acolhidas disseminará conhecimento e promoverá o debate sobre as melhores práticas para combater a violência de gênero, notadamente em âmbito universitário.

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Análise dos Dados
A seguir, apresentamos uma análise detalhada dos dados coletados pelo Coletivo Acolhidas e pelo Observatório Acolhidas ao longo do período compreendido entre o segundo semestre de 2020 e o primeiro semestre de 2024. Tais dados, que refletem as diversas demandas das acolhidas, os tipos de violência enfrentados e os perfis dos agressores, foram coletados de forma sistemática e analisados com o propósito de melhor compreender as dinâmicas de violência de gênero no ambiente acadêmico.
A presente análise se faz crucial para identificar padrões, compreender as necessidades emergentes e avaliar a eficácia das estratégias de intervenção adotadas pelo Coletivo. Ao examinar os dados, almejamos delinear um panorama da violência de gênero no contexto universitário, além de fornecer subsídios para a formulação de políticas públicas, programas de prevenção e medidas de apoio que sejam mais direcionadas e efetivas. Vale ressaltar que o compromisso do Coletivo e do Observatório com a transparência e a rigorosidade na análise dos dados garante que as ações desenvolvidas sejam fundamentadas em informações sólidas e atualizadas, sempre visando o bem-estar e a segurança das mulheres acolhidas.

Gráfico 1
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Gráfico produzido pelo Núcleo de Pesquisa do Coletivo Acolhidas UFU para o Observatório Acolhidas.

O primeiro gráfico ilustra as demandas das acolhidas pelo Coletivo Acolhidas no período delimitado. Observa-se que as principais demandas se concentram no Acompanhamento Jurídico e Acompanhamento Psicológico, cada uma representando 18% do total. Essas categorias refletem a necessidade urgente de assistência legal e emocional para as mulheres atendidas, demonstrando a complexidade dos casos e a importância de uma abordagem multidisciplinar. Outras demandas significativas incluem Orientações, Informações sobre o andamento do processo, Proteção e Rede de Apoio, cada uma representando 9% das demandas, destacando a diversidade de necessidades que o Coletivo busca atender.

 

Gráfico 2
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Fonte: Gráfico produzido pelo Núcleo de Pesquisa do Coletivo Acolhidas UFU para o Observatório Acolhidas.

Já o segundo gráfico aborda os tipos de agressores identificados pelas acolhidas. Em 34,6% dos casos não foi informado quem era o agressor, o que pode indicar o receio das vítimas em expor os responsáveis pelas agressões, denotando uma possível maior gravidade em torno da situação. Entre os agressores identificados, os Ex-cônjuges, Ex-namorados ou Ex-‘ficantes’ e Conhecidos, Amigos ou Colegas aparecem com 15,4% cada, destacando a prevalência de violência perpetrada por pessoas próximas, o que demanda uma atenção especial nas políticas de prevenção e apoio.

 

Gráfico 3

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
Fonte: Gráfico produzido pelo Núcleo de Pesquisa do Coletivo Acolhidas UFU para o Observatório Acolhidas.

O terceiro gráfico explora as atuações do Coletivo com base no tipo de violência enfrentada. A categoria Não informado domina com 26,9%, seguida por casos de Importunação Sexual, Assédio, Estupro e Agressão Física e Moral-Psicológica, cada uma representando 11,5%. Esses números revelam a pluralidade de formas de violência que as acolhidas enfrentam, desde a violência sexual até agressões mais sutis, como a violência moral e psicológica. Ademais, a ausência de uma definição no momento da denúncia pode apontar, inclusive, para uma suposta falta de conhecimento e compreensão acerca das violências cometidas contra mulheres.

 

Gráfico 4

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
Fonte: Gráfico produzido pelo Núcleo de Pesquisa do Coletivo Acolhidas UFU para o Observatório Acolhidas.

O quarto gráfico, por sua vez, retrata a atuação do Coletivo ao longo dos semestres civis, destacando um crescimento acentuado no segundo semestre de 2023. Essa tendência pode ser atribuída a uma maior visibilidade do Coletivo por parte das alunas, levando a um aumento na procura pelos serviços oferecidos; além de refletir a gravidade da situação de violência enfrentada por muitas mulheres no ambiente acadêmico, uma vez que a ausência de denúncias não significa, necessariamente, a ausência de ocorrências.

 

Gráfico 5
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Fonte: Gráfico produzido pelo Núcleo de Pesquisa do Coletivo Acolhidas UFU para o Observatório Acolhidas.

O último gráfico analisa as atuações por população escolar, mostrando uma predominância de casos não identificados (26,9%) e uma distribuição equilibrada entre diversas áreas do conhecimento, como Jornalismo e Relações Internacionais, Exatas, Matemáticas e Engenharias, Ambiental, Agronomia e Biológicas e Ciências Sociais, Enfermagem e Psicologia, cada uma representando 11,5%. Esse dado evidencia a abrangência das ações do Coletivo, que atende mulheres de diferentes áreas acadêmicas, reforçando a necessidade de um suporte universal e acessível por todo o campus e em todos os campi.

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Considerações Finais
A análise das atividades do Coletivo Acolhidas entre o segundo semestre de 2020 e o primeiro semestre de 2024 revela a importância e a profundidade do trabalho desenvolvido em prol de mulheres vítimas de violência no ambiente acadêmico. As demandas por acompanhamento jurídico e psicológico, os diferentes tipos de violência relatados e o perfil dos agressores indicam a complexidade dos desafios enfrentados pelas acolhidas, destacando a necessidade de uma abordagem multidisciplinar e integrada.
Com a criação do Observatório Acolhidas, o Coletivo amplia sua capacidade de intervenção ao consolidar dados e gerar conhecimento que orienta práticas mais eficazes no enfrentamento à violência de gênero. O Observatório não apenas sistematiza e analisa as informações obtidas durante os atendimentos, como também proporciona uma base sólida para o desenvolvimento de políticas públicas e ações preventivas no âmbito universitário. Além disso, o Observatório fomenta a articulação com outras instituições e núcleos de pesquisa, promovendo um intercâmbio de informações que fortalece as redes de apoio e amplifica o impacto das intervenções promovidas.
O aumento na atuação ao passar dos semestres e o crescimento da procura pelos serviços do Coletivo evidenciam a relevância dessa iniciativa e a confiança que as mulheres, cada vez mais, depositam no acolhimento oferecido. No entanto, os dados também revelam tópicos que necessitam de maior atenção, como a alta proporção de casos não identificados e o crescente número de situações envolvendo pessoas próximas às vítimas.
Nesse sentido, o Observatório Acolhidas desempenha um papel crucial não apenas na coleta e análise de dados, mas também na disseminação de informações relevantes e na promoção de debates públicos sobre a violência de gênero. O conhecimento produzido por meio dessa iniciativa contribui diretamente para o aperfeiçoamento contínuo das estratégias de acolhimento e para a construção de um ambiente universitário mais seguro, igualitário e acolhedor para todas.
Em conclusão, o Coletivo Acolhidas, em parceria com o Observatório vinculado ao Núcleo de Pesquisa, demonstra que o enfrentamento à violência de gênero exige esforços coletivos e progressivos, baseados em dados concretos e análises aprofundadas, para que mudanças significativas possam ser implementadas e consolidadas tanto na própria universidade quanto na sociedade em geral.
 

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