Assédio em Festas Universitárias: Capacitação Acolhidas com Arquibancada Sports Bar
Por Vitória Marcelino
27 outubro. 2024
A violência de gênero continua sendo uma realidade que afeta a vida das mulheres por todo o mundo, por isso saber identificar e agir diante dessas situações é um dever de todos — especialmente daqueles que trabalham em bares e festas noturnas, ambientes em que tal violência pode ser mais recorrente.
No dia 3 de outubro de 2024, o Coletivo Acolhidas promoveu uma ação no Arquibancada Sports Bar, em Uberlândia, um dos lugares mais frequentados pelo público universitário na cidade. Em uma noite dedicada à conscientização e ao combate à violência de gênero, os funcionários do bar participaram de uma capacitação especial sobre como lidar com o assédio em festas universitárias, que foi realizada pelas integrantes Bianca, Ana Clara, Vitória e Lua.
As integrantes Vitória, Bianca, Ana Clara e Lua. Imagem inicial da apresentação. | Foto Arquivo pessoal
Durante a capacitação, alguns números alarmantes entraram em discussão: 56% das universitárias brasileiras já sofreram algum tipo de assédio em festas ou eventos sociais, dado revelado por um levantamento da União Nacional dos Estudantes (UNE), em 2023. Além disso, foi apontado que 86% das brasileiras já evitaram frequentar ou ir até algum local por medo de serem assediadas, de acordo com uma pesquisa da ONG ActionAid.
Foi citado também o caso de uma jovem que, no ano passado, foi deixada embriagada na porta de sua casa por um motorista de aplicativo em Belo Horizonte, Minas Gerais. Ao ser deixada sem amparo na rua, a jovem acabou sendo violentada sexualmente por outro homem. Na época, o ocorrido foi amplamente noticiado na mídia, e serviu como um exemplo claro de como a omissão pode ser fatal. Muitas vezes, mesmo que uma pessoa não seja diretamente o agressor da vítima, a falta de ação assertiva pode contribuir para que a violência ocorra efetivamente.
Ao abordar o assédio em festas universitárias, é importante reforçar o fato de que uma mulher estar embriagada ou ‘‘fora de si’’ não dá a ninguém o direito de violá-la ou explorá-la sexualmente!
Parte da apresentação sobre o que fazer no momento imediato. | Foto de Arquivo pessoal
A segunda parte da capacitação envolveu uma dinâmica prática, em que os funcionários do bar tiveram de responder à uma situação hipotética de assédio. Em seguida, foi realizada uma orientação direcionada sobre a melhor e mais eficaz maneira de agir caso algo acontecesse no Arquibancada. Alguns dos pontos levantados foram que, em primeiro lugar, a vítima deve ser a prioridade. Socorrer a mulher e levá-la para um lugar mais reservado, tentar acalmá-la e perguntar quais medidas ela deseja tomar são alguns dos primeiros passos essenciais. Se possível, é indicado chamar outra mulher para mediar a situação, garantindo que a vítima se sinta acolhida e confortável. Somente após garantir o bem-estar da vítima, o foco deve ser, então, em responsabilizar o agressor.
Por fim, a capacitação também apresentou outros grupos que atuam na proteção das mulheres em Uberlândia, como o coletivo Todas Por Ela e as Justiceiras. Esses grupos, assim como o Acolhidas, prestam atendimento e auxílio às mulheres vítimas de violência em diferentes ambientes. Cada projeto possui seu âmbito de alcance e finalidades específicas, e conhecê-los é fundamental para encaminhar acertadamente as mulheres atendidas, se necessário.
Equipe do Arquibancada Sports Bar e integrantes do coletivo Acolhidas ao final da ação. | Foto disponibilizada pelo Arq.
Agradecemos imensamente ao Arquibancada Sports Bar pela parceria, que já soma tantos anos. Juntos, seguimos fortalecendo a luta contra a violência de gênero, promovendo ações como a capacitação e tornando um ambiente tão popular e frequentado pelos universitários em um espaço ainda mais seguro para todas e todos.



